* A infância


Primeiro Aniversário (1943) - Os Irmãos: Eu, Arménio, José e Francisco (1949)


Meus Pais de Verdade em 1943 - Meus Pais Adoptivos em 1954
Nascido de um casal de humilde condição, em que o Pai era pedreiro e a Mãe doméstica, cêdo me revelei uma criança de constituição frágil, com frequentes doenças, que recomendavam viver em
melhores condições habitacionais do que aquelas em que meus pais viviam, tomando conta de uma pequena propriedade rural denominada Casal de S. José, no lugar do Sol Posto, freguesia e concelho do Cartaxo.
Os proprietários de pequena propriedade, Serafim e Carlota, eram pessoas de remediadas posses, sem filhos e com corações do tamanho do Mundo. Por isso as minhas doenças frequentes e a necessidade
de visitas frequentes ao médico determinaram que fosse ficando em casa deles por períodos cada vez maiores, até que, após terem tomado a posição de meus padrinhos de batismo, se ocuparam de mim próprio e
da minha educação como se seu filho fosse. Tratava-os por avós, porque assim fui induzido desde sempre. O meu Avô Serafim (da família Marinho dos Santos de Caldas da Raínha) e a minha Avó Carlota (da família Cunha Viana de Lisboa), foram os responsaveis pela minha educação e por todos os bons
princípios que até em hoje em mim residam. Com alguns erros que porventura tenha cometido na vida não terão eles certamente nada a ver. Aos meus queridos "avós", na prática meus Pais Adoptivos, o meu eterno reconhecimento.
* A escola primária
Os primeiros estudos, a escola primária foi cumprida na minha terra natal: O Cartaxo. Como curiosidade me lembro que, na altura, a escola primária, obrigatória, tinha uma duração de quatro ano, e que dado o número de alunos não ser muito elevado os professores acumulavam normalmente duas turmas. No meu caso pessoal
ao iniciar a escola, a 1ª classe, convivia na mesma aula com os alunos do último ano, a 4ª classe. A primeira professora era ainda jóvem e tinha dificuldade de comandar os alunos da 4ª. classe, tendo por vezes que recorrer a um colega professor, para vir impôr a ordem na aula...

Reunião de Escola em 1982. Flores para os já desaparecidos...
Eu estou de pé de camisa azul.
* O colégio e o curso
Acabada a escola primária e cumprido mais um ano, então chamado "O ano de admissão" em que era feita uma preparação para a entrada nos "estudos secundários", ingressei num Colégio Perticular existente também no Cartaxo, chamado "Externato de Marcelino Mesquita" de que era director o dr. Fernando Rovisco Guapo Ribeiro, mais conhecido pelo "Fam". Este "Fam" que além de director e proprietário do externato exercia
várias ocupações de professor em diversas disciplinas era o "terror" do pessoal... Castigos, caroladas e réguadas eram bastante comuns, mas por outro lado o aproveitamento que os seus alunos retiravam das suas aulas era normalmente muito bom. A inocente vigança da malta contra tal "tirania" reduzia-se a, à noite, irmos bater à sua porta e fugir a sete pés...ou sujar-lhe o pópó novo o Opel EF-23-05... O dr. Fernando era casado com a drª. Fernanda, também boa professora do mesmo
Colégio e na altura tinham dois filhos. Um rapaz e uma rapariga. Daí que eu tivesse feito com que a família passasse a ser conhecida entre a malta por: O Fam, a Fana, o Fanico e a Faneca...
O sistema de ensino na altura consistia em dois primeiros anos comuns a todos os alunos, derivando depois em dois ramos: O do Liceu e o do Comércio. Eu segui comércio e, sem nenhum precalço concluí o chamado "Curso Geral do Comércio". Os dois últimos anos porém foram já cumpridos em aulas nocturnas por entretanto me ter empregado, aos 15 anos, no escritório de numa sociedade comercial preponderante na actividade comercial da Vila, a ASAL-Almeida, Sousa & Almeida, Ldª.
* O emprego
Em 1957 com 15 anos de idade entrei para os escritórios da ASAL, primeiramente como "paquête", com o ordenado de 500$00 mensais. Fiquei na empresa até ao ano de 1973, passando pelos serviços de facturação, dactilografia, caixa, 2º escriturário, 1º escritorário, guarda-livros, tecnico de contas e chefe dos serviços administrativos, atingindo o máximo da hierarquia dentro da organização e o máximo da remuneração possível
que na altura era de 10.000$00 mensais...
Visto que quando me empreguei ainda não tinha concluido o curso, passei a estudar durante a noite durante os anos de 1958 e 1959. Uma vez concluido o Curso Geral do Comércio e como estava habituado a ocupar as noites com os estudos, uma vez estes acabados procurei ocupações nocturnas, começando por ser monitor da escola primária de adultos da Casa do Povo do Cartaxo. Como a remuneração dessas funções era simbólica, iniciei uma actividade de contabilista em "part-time" em várias
casas comerciais do Cartaxo, continuando no entanto com um cargo simbólico de secretário da direcção da C.P.do Cartaxo, tendo como pelouro o acompanhamento e desenvolvimento do Grupo de Teatro "Amadores de Teatro Marcelino Mesquita" assim como a projecção de filmes gratuitos no pequeno cinema daquela instituição.
Enquanto que o emprego na ASAL decorria sem sobressaltos, tendo como sócios gerentes duas pessoas de muito tacto comercial e administrativo, Vinício Nunes de Almeida e Francisco Bastos de Sousa a quantidade de serviços de contabilidade de que fui tomando conta foi aumentando também o que me levou a constituir uma sociedade com um amigo de infância e escola o Walter da Silva Gírio Capeleiro, que veio a denominar-se GECC-Gabinete de Execução de Contabilidade e Comércio, Ldª..
No ano de 1973, concluindo que no emprego já não poderia aspirar a mais, decidi sair, dedicando-me exclusivamente à GECC, angariando um número significativo de clientes de serviços de contabilidade e simultaneamente iniciando um sector comercial no campo das representações, importações e exportações de tudo e mais qualquer coisa !

Francisco Bastos de Sousa - Patrão e Mentor
* A independencia
Maus foram os tempos para quem pretendeu iniciar uma actividade de conta própria sem meios financeiros disponíveis.
Os conhecimentos profissionais e pessoais, com destaque para os de relacionamento com a banca, proporcionaram sem dificuldade
de maior esses meios. Um empréstimo aqui, uma livrança acolá, vieram constituir o fundo de maneio que se ambicionava para
a aquisição de moderno equipamento para a função de prestação de serviços. As máquinas de contabilidade começavam a aparecer
e o nosso escritório foi apetrechado com o "último grito" tecnológico. O sector comercial iniciou também os seus primeiros
passos, e conseguiram-se representações nacionais e estrangeiras que auguravam um bom futuro. Chegou no entanto rápido o ano de 1974
e a sua revolução de Abril. Os bancos cancelaram os créditos concedidos, as licenças de importação foram congeladas. Tudo o que até
então se poderia considerar investimento foi transformado em despesa que urgia pagar. Só a prestacção de serviços, na altura
representada pela execução de serviços de contabilidade a pequenos empresários ou sociedades se manteve. Eram avenças mensais
de pequeno montante, pelo que muito foi preciso trabalhar para honrar os compromissos. O barulho que as então modernas máquinas
de contabilidade produziam era razoável e elas ecoavam pelas janelas abertas no mínimo até às duas da manhã.
* De novo o emprego

Como Administrador na ASAL
Não foi por isso mal aceite o convite de voltar para a ASAL de onde havia saído. A empresa também se debatia com
problemas estruturais e era preciso gente de confiança para imprimir um novo balanço e um novo rumo, que se iniciaria
pela transformação da então sociedade por quotas em sociedade anónima. Foi essa a minha primeira tarefa com o retorno
ao emprego. Surgiu assim a ASAL-Automóveis, Comércio e Indústria SA. A quota que me havia sido oferecida e o lugar de gerente que então ocupava
foram transformados respectivamente em acções e administrador. Recordo com saudade que talvez tivesse sido o período mais
produtivo de toda a minha vida. Em três anos a produtividade da empresa foi multiplicada por dez. A administração tinha
como presidente o patrão de sempre, o Senhor Sousa, e como meu colega administrador o José Maçarico. O bom entendimento entre
ambos com as cautelas de supervisão de gestão do Senhor Sousa, lançaram a empresa numa época de desenvolvimento muitissimo interessante.
* De novo a independência
Não foi muito duradouro este período. A morte inesperada do Senhor Sousa abalou também mortalmente a empresa.
Com a cabeça cheia de teorias inadequadas à situação e dimensão da empresa sucedeu-lhe seu filho. Foi o início
da derrocada. Pressentindo que o futuro nada augurava de bom, com despesismos absurdos e desconfianças inusitadas,
não tardou que tomasse a decisão de vender as minhas acções e procurar novo rumo. Assim o fiz, de novo sem nada
na algibeira nem uma actividade prevista. Instalei-me num pequeno escritório a que chamei de "Áries Representações"
e fiz de tudo um pouco. Vendi esferográficas, produtos de limpeza, toalhas de papel para restaurantes ...
Curiosamente foi um ex-colega da empresa, que aí tinha sido colocado para fiscalizar as minhas actividades e que
no cumprimento das suas obrigações se tinha transformado em meu apoiante e amigo, que me trouxe a ideia de uma
nova actividade que despontava no horizonte. A venda e instalação de salas de Jogo de Bingo. Tinha chegado o ano de 1979 !
* O divórcio
Um tipo de vida permanentemente agitado, sem tempos dedicados ao agregado familiar, colocando frequentemente
as questões profissionais em primeiro lugar e à frente de tudo, em simultâneo com uma diferença abismal de
finalidades, desejos e quereres, era inevitável a consumação de um divórcio que aos poucos se foi
perspectivando. Dois filhos lindos nasceram entretanto: o Fernando Miguel primeiro e o Pedro Manuel depois.
Tão marcante como um casamento, um divórcio acarreta modificações nos hábitos e no estilo
de vida. No meu caso proporciou um ainda maior apego ao trabalho, mais próximo do meu gosto particular pela
risco e o negócio, com as inevitáveis e constantes deslocações e viagens. Uma mudança de residência para
local mais junto do grande centro de decisões e do grande mercado, Lisboa, foi o passo seguinte. Numa fase de
transição residi ainda cerca de 4 anos na área de Santarém, embora me delocasse diariamente à Capital. Em 1987 mudei-me
para a Amadora.
* As Companheiras
Até a data da última actualização, não voltei a casar.
Nunca deixei todavia de ter companheiras, para mim esposas, a quem amei e por quem fui amado. Beijos para vocês, garotas da vinha vida.
Obrigado pelos bons momentos convividos. Os menos bons estão esquecidos. Obrigado pelos melhores entre os bons: as crianças. Um beijo para ti,
Catarina, a filha desejada nascida em 1983. Um beijo par ti André, um beijo para ti Armando.
* Os voos mais altos
Os primeiros anos da década de 80 foi intensamente vivida na actividade da venda e instalação de
equipamentos para Salas de Bingo. Inicialmente em termos de comissionista e dois anos mais tarde em
termos de sociedade com um fabricante espanhol, não tardando que a actividade fosse também estendida
para o fabrico. Mais de metade das Salas de Bingo instaladas em Portugal por essas alturas foram
fabricadas em Portugal, na fábrica do Alcoitão. Para desespero da concorrência a taxa de mercado dominado
ultrapassou os 90%. Uma disposição legal veio proibir a abertura de mais Salas de Bingo em Portugal. A
fábrica terminou e aceitei o convite de outro grande amigo espanhol para gerir a Sala de Bingo do Belenenses.
Com esse cargo estive três anos.
Durante esse período e porque havia que prestar assistência tecnica às
Salas instaladas, fundei a Speed Electrónica, fiscalmente laborando como empresário individual. A Lei de proibição foi anulada levando-me a deixar a gerência do Bingo do Belenenses e a dedicar-me a tempo
inteiro à Speed Electrónica. A Speed Electrónica deu lugar à sociedade comercial Diverbingo, Ldª. e a
actividade foi bastante incrementada. Dessa actividade e pelos números atingidos em vendas do componente
das Salas que é o sector de vídeo, recebi e aceitei o convite da fábrica italiana Hantarex para fazer uma
outra sociedade dedicada à venda de toda a gama de produtos de seu fabrico, que incluia um interessante
sector de fabrico de computadores. Nasceu assim a Hantarex Portugal, Ldª. que em breve dominava o mercado
português de fabrico de máquinas de jogos e diversão. Para o sector da informática decidiu-se adquirir a maioria do
capital de uma outra sociedade, a Siledata, Ldª. e, como o movimento de componentes de electrónica era
logicamente grande, adquiri pessoalmente a totalidade da sociedade Gueite Electrónica Ldª.
Em cerca de três anos este conjunto de actividades atingiu um interessante movimento de facturação, com
expressivos resultados económicos. Senti então a necessidade de constituir uma outra sociedade, gestora
de todas as outras. Um escritório próprio e bem equipado foi adquirido para essa finalidade. Estava na fase
de estudo dos Estatutos da "holding" quando, na Itália, a sociedade Hantarex foi apanhada em algumas
irregularidades, pela conhecida operação "mãos limpas". O encerramento na Itália de toda a produção foi
imediato e, por efeito reflexo a falência da Hantarex em Espanha, por sua vez sócia da Hantarex Portugal foi
também quase imediata. O resultado em Portugal foi, como não podia deixar de ser, o desmoronamento total
de toda a estrutura criada. Regressei assim ao princípio, à única actividade que nada tinha a ver com o
grupo desenvolvido, o sector do Bingo, com a Speed Electrónica e a Diverbingo, Ldª..
* Continuando a voar baixinho
Foram-se chegando os finais dos anos 90 e a maior perspectiva
no mundo do Bingo estava centrada na Itália. Cordéis e cordelinhos foram mexidos para que a abertura legal do mercado se efectuasse e assim
foi, no esperado ano 2.000. Estudadas as potencialidades do mercado, foram oficialmente publicadas as listas das quantidades de Salas
que a Itália poderia comportar: 800 !!! Oitocentas Salas, bastante mais do que as existentes no resto da Europa, prenunciavam um mercado
muito interessante. Não fiz por menos e para lá fui. Em Torino me instalei fazendo sociedade com um conhecido arquitecto da especialidade.
TORBINGO S.R.L. é o nome da Sociedade. Logo nos primeiros contactos com as grandes empresas italianas me apercebi de que as ideias sobre
a actividade eram no mínimo extravagantes e, com a publicação do regulamento de jogo, ainda mais desconfiado fiquei. Infelizmente os meus receios
rapidamente se concretizaram e, das 800 Salas previstas, apenas se instalaram cerca de 280. Dessas 280 um ano passado já tinham encerrado mais de 80 e, das
restantes, grande parte está em sérias dificuldades. Não podendo esperar que a actividade venha a ser exercida com o mínimo do bom senso,
procurei outros horizontes. E onde fui parar? Ao Brasil...
Em finais de 2001 fui administrar duas Salas de Bingo no estado
de Minas Gerais, pertencentes a um grupo de antigos clientes e amigos. Salas boas, trabalhando bem e com bons funcionários era de prometedor
futuro se ... não fosse decretado o encerramento de todas as Salas do país, à medida de que as respectivas licenças se fossem vencendo.
Pois, caro leitor, como as licenças das minhas salas já estavam caducadas, não cheguei a dois meses de actividade! E agora? Bom ... terá
que esperar que eu faça nova actualização desta página. Consta que vai abrir o mercado do México. Não me digam que ...
* E a máquina sobe outra vez
Olha! Estou no México ....
Já bem pesada está a "máquina". Mas levantou voo mais uma vez sim senhor! E pronto cá estou no México, já lá vão 7 meses à data desta
actualização. Mais um belo projecto. Uma cadeia de salas de bingo, todas de grande envergadura. Das cerca de 20 previstas ainda só fiz
uma... Será que chegarei ao fim? É que já estou um pouco farto disto. Ainda por cima sem mulher ... a última deu-me um pontapé no
trazeiro porque não tenho o meu futuro assegurado ... eh eh eh, como se o futuro fosse coisa que me preocupasse !!! Ainda só tenho 62 !!!
Restam-me as amizades (muitas) e os amores impossíveis. Bom, procurarei alguém por aqui! Veremos ...
* E um primeiro balanço
Bom, de verdade que foi mais rápido do que pensava e
em Agosto de 2005 já vivia com uma companheira e um bebé. A relação durou até Junho de 2008, mês em que também acabou a minha relação
profissional com a McB de Madrid.
E agora, fazer o quê? Bom, vamos procurar trabalho e noiva, pois então. A caminho...